14/05/2013

A Crise Financeira de 1880-90 (Bárbara, nº3, 11ºJ)

Introdução
Entre 1880 e 1914, Portugal viveu períodos de crise e de expansão. Particularmente entre 1880 e 1890, a economia portuguesa atravessou momentos difíceis. Esta crise ficou a dever-se às bases instáveis em que assentava a política económica anterior, a Regeneração, entre 1851 e 1880: o livre-cambismo, os investimentos externos e os empréstimos.

Período antecedente à crise
A Regeneração foi o período da política portuguesa que antecedeu a crise financeira. Visava estabelecer a concórdia social e política, bem como o desenvolvimento económico do país.

Livre-cambismo

A Regeneração enveredou pela via do livre-cambismo, que favoreceu a entrada de produtos industriais estrangeiros a baixo preço.  Assim, Portugal viu-se incapaz de competir com os outros países mais desenvolvidos da Europa, visto que a nossa industrialização tinha meio século de atraso relativamente à das maiores potências.
Assim, as nossas exportações diminuíram. A nossa indústria era também pouco desenvolvida, comparativamente a outros países europeus, o que fez com que as nossas importações de produtos industriais estrangeiros se mantivessem altas, pois eram produtos mais baratos e mais competitivos.
Verifica-se então uma grave situação de crise e de défice, resultante do saldo negativo entre as importações e as exportações.

A Crise
Como vemos no documento, os valores das importações eram o dobro dos valores das exportações, levando a uma balança comercial deficitária e, consequentemente, a um país cada vez mais pobre.
A única solução possível seria diminuir os gastos e aumentar os lucros do país.
















Importações e Exportações


Investimentos Externos
Grande parte do desenvolvimento português (vias férreas, transportes, banca, indústria) fez-se à custa de investidores estrangeiros, logo, as receitas originadas por esses investimentos não revertiam a favor de Portugal. 


Empréstimos
A dívida pública, que não parava de crescer em virtude dos sucessivos empréstimos no país e no exterior, veio ainda piorar as finanças portuguesas. Com estes empréstimos, verificamos a nossa dependência face ao capital externo.

Os pedidos de empréstimos serviam para aumentar as receitas. Pedimos empréstimo, por exemplo, ao banco inglês Baring & Brothers, que, posteriormente, em 1890, abriu falência, fazendo com que Portugal deixasse de ter meios de lidar com a dívida. O culminar da crise ocorreu em janeiro de 1892, quando o Estado português declarou bancarrota.




Podemos então dizer que a principal razão da crise da década de 1880-90 foram os problemas estruturais que se mantinham, como a falta de investimento em atividades produtivas, o atraso agrícola, a dependência externa, a balança comercial negativa, a crescente emigração de população em busca de melhores condições de vida e a acumulação de dívidas.


Crise Política
Além da crise financeira, este período foi também marcado por uma crise política. Destacamos o Ultimato Inglês, em 1890, e a Revolta de 31 de janeiro, em 1891.
Vários acontecimentos geraram descontentamento entre a população e criaram condições propícias à queda da monarquia, beneficiando o Partido Republicano, que soube capitalizar em seu favor a crise económica que se abateu sobre o país e o descrédito nos partidos do rotativismo monárquico (isto é, na alternância, à frente do Governo, dos dois principais partidos monárquicos, o Regenador e o Progressista, que manipulavam em seu favor  as eleições e a vida política em geral.)

Colonialismo

Com a necessidade de matérias-primas para a indústria, África, um continente ainda por explorar, começou a ser cobiçado entre as potências europeias, e foi feita a Conferência de Berlim com o objetivo de dividir os territórios africanos.

Ultimato Inglês
Portugal, querendo manter os seus territórios lá, Angola, Chire e Moçambique, fez uma proposta, o Mapa Cor-de-Rosa. No entanto, as pretensões de Portugal nesse projeto chocavam com o projeto inglês de ligar, com uma via férrea, os seus territórios do norte e do Sul, o Cairo e o Cabo. 
Assim, em 1890, Inglaterra fez um ultimato a Portugal: ou retirávamos as nossas forças expedicionárias da zona em disputa ou eles declaravam-nos guerra.
Portugal cedeu, pois não aguentaria uma investida inglesa. Perante esta decisão, um sentimento de revolta e humilhação caiu sobre a população portuguesa, que responsabilizava a monarquia.



Revolta de 31 de janeiro de 1891
A ideia de um movimento militar para a substituição do regime começou a ganhar forma entre os republicanos. Ainda no rescaldo do choque provocado pelo Ultimato, eclodiu, no Porto, a 31 de janeiro de 1891, a primeira tentativa de derrube da monarquia.
Este golpe ficou conhecido como a revolta de 31 de janeiro.



O Surto industrial de final do século
Depois da grave crise económica e do fracasso do livre-cambismo posto em prática pela política da Regeneração, o Governo português publicou, em 1892, uma nova pauta alfandegária, retornando à doutrina protecionista. O objetivo era reorientar a economia portuguesa.

Mudanças na agricultura
Procurou-se garantir as condições necessárias para que os produtos nacionais se pudessem afirmar no mercado externo, interno e nas colónias (relaciona-se com o colonialismo). O comércio colonial foi um importante pilar no desenvolvimento económico português.

Mudanças na indústria
Relativamente à indústria, difundiu-se a energia a vapor e avançou-se com a mecanização. As inovações e tecnologias da segunda revolução industrial foram finalmente utilizadas: a indústria química e a eletricidade. 
A indústria teve então de acompanhar a agricultura, colocando a produção nos mercados.

Outras Remodelações
  • Foram criadas Companhias, melhor preparadas para as oscilações do mercado e onde o capital financeiro imperava (ligadas ao têxtil, transportes, serviços públicos, bancos, expansão colonial, etc.);
  • Valorizou-se o mercado colonial;
  • Verificou-se uma expansão tecnológica, com a difusão da eletricidade, da indústria química e da mecanização.



Conclusão
Após o período da Regeneração, que favoreceu a entrada de capitais e artigos industriais estrangeiros, Portugal tornou-se uma sociedade capitalista dependente. Abateu-se uma grave crise financeira sobre o nosso país, devido ao défice comercial e à dívida pública, que levaram o país à bancarrota.
A monarquia constitucional revelava-se incapaz de resolver a crise e de responder às necessidades da população, mostrando-se fraca, por exemplo, através da humilhação que o Ultimato inglês foi para o governo português.




Trabalho realizado por: Bárbara, nº3, 11ºJ